Ações para o combate ao Coronavírus no local de trabalho

março 11th, 2020 | Posted by sinmet in Artigos | Novidades

Na última década, praticamente a cada ano somos surpreendidos pela mídia com notícias de alguma nova epidemia que ameaça a existência humana. Foi assim com o antraz, em 2000; o vírus do Nilo Ocidental, no ano seguinte; a síndrome respiratória aguda grave (SARS) de 2003; a influenza aviária (H5N1), que amedrontou milhões em 2005; a bactéria E. coli, em 2006; a gripe suína, três anos mais tarde; o Ebola em 2014; o zika vírus em 2016 e a volta do sarampo em 2019. Em nenhuma destas ocasiões o mundo acabou. Mas, em muitos países, as estatísticas de mortes provocadas por tantas doenças impressionam. Em todos os casos, além da tragédia em si que representa a perda de uma vida, empregadores e empregados, suas famílias e amigos, todos enfrentam as consequências de situações que nos fazem lembrar as pragas bíblicas. E no último dia do ano passado, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu o alerta sobre múltiplos casos de pneumonia em Wuhan, na província chinesa de Hubei, revivemos este cenário com o Coronavírus.

Sete dias depois, já com o nome de Covid-19, o vírus que infecta tanto seres humanos quanto animais, passou a ser nosso novo inimigo. O problema ganhou páginas de jornais, cada vez mais tempo em rádios e televisões e um imenso número de matérias em portais da Internet em todo o mundo. E, por mais que governos adotem o cuidado para não espalhar uma onda de paranóia entre seus cidadãos, aconteceram casos de histeria em massa, como no Equador, onde só um caso foi registrado, mas a população criou uma confusão ao invadir lojas em busca de álcool e máscaras protetoras. Independente disso, autoridades passaram a dar a devida importância à situação. No primeiro dia de março, por exemplo, o ministério da Saúde da Espanha convocou um Conselho Interterritorial de Emergência para avaliar as medidas tomadas sobre a epidemia. Em videoconferência, autoridades de várias áreas do país discutiram o assunto.

A imprensa mundial noticiou três dias depois que o número de afetados havia aumentado consideravelmente nas semanas anteriores, mas a recuperação de infectados também vinha crescendo. Até aquela data, eram 87.565 casos em 64 países, totalizando mais de três mil mortes em todo o planeta, sendo que a China era o maior foco. A parte boa é o número de recuperados já passava de 50%. O cenário se repetia na Coréia do Sul e na Europa incluindo nações como a Itália, Alemanha, Bélgica e França. A volatilidade de situações assim é impressionante. No dia 8 de março o governo chinês relatou que o número de mortos já estava em 3.119. Menos de 24 horas depois a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) informou que não publicaria os principais indicadores de confiança relativos a março. Sem ter como coletar os dados econômicos por causa do surto do Coronavírus, o relatório ficou adiado para abril. Dos Estados Unidos veio a notícia do cancelamento do tradicional torneio de Indian Wells, uma das mais concorridas competições de tênis profissional. Na Itália, em 9 de março, foi iniciada uma quarentena geral e 15 províncias, área que soma 16 milhões de pessoas. Isso provocou, por exemplo, as suspensões de apresentações musicais que estavam programadas há meses e do campeonato nacional de futebol. No Brasil, o número de cidadãos infectados chegava a 30, dando um certo ar de tranquilidade pelo governo, mas eram 930 os casos suspeitos. O medo da expansão do Covid-19 em todo o mundo provocou uma queda nas bolsas de valores ainda naquela segunda-feira.

Apesar do emaranhando de informações contraditórias, analisando com calma o cenário percebe-se que a quantidade de óbitos era – no início do surto – pequena diante da estatística que mostra anualmente 80 mil mortos no Brasil por gripes e pneumonia. De um lado existe o alarme e a apreensão, reflexos naturais em situações extremas. Em outro, porém, a certeza de que todo cuidado é pouco. Afinal, o Coronavírus é transmitido pela tosse e pelo espirro, do mesmo modo que outros vírus respiratórios. Ainda em janeiro, de acordo com reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, o perfil dos infectados incluía, em sua maior parte, pessoas com mais de 40 anos de idade, sendo 64% de homens e, em 40% dos casos, os pacientes tinham outras doenças associadas, como diabetes e problemas cardiovasculares.

Ao avaliar estes dados vem a certeza de que profissionais de área de segurança no trabalho não podem deixar de se preparar para mais este desafio. Afinal de contas, tanto na iniciativa privada quanto no setor público, em todo e qualquer tipo de empresa, desde a construção civil, a indústria pesada, as mineradoras, o setor de alimentação, escolas ou universidades, comércio, escritórios, a área da tecnologia da informação, unidades de saúde, agroindústria até os quartéis das forças de segurança em geral, o Coronavírus apresenta um risco muito alto. A quantidade de pessoas trabalhando juntas cotidianamente quer seja em ambientes menores como o de um escritório, quer seja em grandes chãos de fábrica, é considerável. Se a orientação delas for negligenciada pelos empregadores passam a ser uma ameaça não só para o local de trabalho, mas para toda a sociedade.

É exatamente isso que a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em 27 de fevereiro deste ano, um mês após ter atestado o alto risco que o Coronavírus tinha de se espalhar. “A OMS e autoridades de saúde em todo o mundo estão tomando ações para conter o Covid-19. Entretanto, o sucesso em longo prazo não pode ser considerado como certo. Todas as partes da sociedade – incluindo empresas e empregadores – precisam ter um papel se queremos parar o aumento da doença”, sentenciou a entidade. O documento é taxativo ao explicar como o vírus se dissemina. “Quando alguém tem o Covid-19 tosse ou expira, lança gotículas de fluído infectado”, afirma a organização. Segundo o documento, a maior parte dessas gotículas caem em superfícies e objetos próximos ao infectado, como mesas ou telefones. “As pessoas podem ser infectadas ao tocar superfícies ou objetos contaminados e depois tocarem seus olhos, nariz ou boca. Se estiverem a um metro de distância de alguém que já tenha a doença, eles podem ser infectados ao respirar as gotículas expelidas pela tosse. Em outras palavras, o Coronavírus se espalha em um modo semelhante à gripe. Muitas pessoas infectadas com o Covid-19 experimentam sintomas leves e se recuperam. Entretanto, alguns vão enfrentar um agravamento mais sério e vão precisar de tratamento hospitalar”, revela a OMS.

A Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA) dos Estados Unidos criou um website específico para o monitoramento e avaliação do surto. No endereço eletrônico https://www.osha.gov/SLTC/covid-19/ a instituição disponibiliza dados gerais e informações para reconhecimento dos perigos bem como os padrões da entidade se aplicam à doença, além de orientações relativas à informação médica e controle e prevenção. Está lá também a avaliação de que em território norte-americano o risco de exposição “pode ser elevado para trabalhadores que interagem com viajantes potencialmente infectados no exterior, incluindo aqueles envolvidos com cuidados de saúde, cuidados de morte, laboratórios, operações aéreas, proteção de fronteiras, gerenciamento de resíduos sólidos e águas residuais e viagens para áreas” para locais aonde a doença vem se espalhando. Podemos, sem dúvida alguma, adotar essa certeza também no Brasil. Aqui, registre-se, o Ministério da Saúde também tem um portal dedicado à atualização da situação no país, bem como informações sobre hospitais de referência e protocolos para profissionais da saúde. Tudo está no endereço eletrônico: https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/coronavirus.

Assim, defendo que as orientações da OMS são ótimos parâmetros para serem seguidos em nosso país. A organização indica medidas de custo baixo que ajudam a prevenir a disseminação tanto do Coronavírus quanto de resfriados e gripes em geral para proteger não só colaboradores como clientes e fornecedores em locais de trabalho. Para a entidade, é necessário que tais medidas sejam adotadas mesmo que o Covid-19 ainda não esteja presente. Orientar que os trabalhadores higienizem regularmente superfícies de objetos como teclados e telefones, mesas e bancadas de trabalho, por exemplo, é uma excelente atitude para evitar que o vírus se prolifere.

A OMS orienta também a promoção regular de horários para que todos os que frequentam locais de trabalho lavem as mãos. “Porque a lavação mata o vírus em suas mãos e previne a disseminação do Covid-19, além de promover uma boa higiene respiratória no local de trabalho”, assegura a organização. Disponibilizar pontos com suporte para álcool em gel e lenços de papel é outra ação pertinente, bem como a parceria com entidades locais da área de saúde para divulgação in loco de orientações e a informação via intranet de métodos preventivos são obrigações básicas de alta relevância. Obviamente, higienistas e outros profissionais da área de segurança no trabalho devem determinar com ainda mais rigor o uso de máscaras.

Ainda de acordo com a OMS, os empregadores precisam advertir seus colaboradores e terceirizados sobre os riscos de contaminação em caso de viagens de trabalho. Para esse tipo de situação, é essencial que a empresa e seus integrantes tenham as informações mais recentes possíveis sobre as áreas onde o Coronavírus está se espalhando fornecidas por profissionais qualificados. É válido ainda considerar a possibilidade de fornecer embalagens de álcool em gel para quem estará na estrada e orientá-los a realizar a higienização sempre que possível e manter uma distância de ao menos um metro de quem estiver tossindo ou assoando o nariz. “Baseado nisso, sua organização deve avaliar os benefícios e riscos relativos aos planos de viagem”, cita a organização.

Creio que outro parâmetro que exige atendimento é evitar que pessoas com maior risco de contaminação – trabalhadores de mais idade ou que tenham diabetes e doenças cardíacas e pulmonares – sejam enviadas para áreas onde o Covid-19 está confirmado. É necessário ainda informar à equipe que, se o vírus começar a se espalhar nos locais onde eles moram qualquer pessoa com tosse leve ou febre a partir de 37,3 graus precisa ficar em casa. O mesmo vale para aqueles que estiverem tomando remédios simples como Paracetamol, Ibuprofeno ou Aspirina, pois todos podem mascarar os sintomas de infecção. Tão importante quanto estas é ter certeza de que as pessoas que retornam de uma área onde o vírus está consolidado devem monitorar se surgem sintomas durante 14 dias, bem como medir a temperatura corporal duas vezes por dia. Caso algo esteja fora do normal, é básico informar ao sistema de saúde local, bem como evitar o contato com outras pessoas, mesmo sendo da família.

Tanto o Coronavírus quanto qualquer outra epidemia exige a tomada imediata de outras ações práticas por quem toma decisões. Quando surgir a suspeita que algum colaborador está doente é necessário colocá-lo em uma área isolada e, conforme preconiza a OMS, limitar o número de pessoas que terão contato com ele e logo informar as autoridades de saúde. Não esqueça de disponibilizar suporte psicológico também para evitar traumas e a discriminação do trabalhador. Essas atitudes e outras que compõem um plano emergencial de resposta a um fato inesperado precisam ser fortes para assegurar que o trabalho continue acontecendo mesmo que um número significante de empregados precisem ficar afastados.

Uma atitude básica em áreas de grande aglomeração e circulação de pessoas, como aeroportos ou eventos, principalmente em épocas onde uma epidemia está consolidada é o uso de máscaras cirúrgicas. Apesar de não existir a certeza sobre total eficácia, é indiscutível que esse equipamento de segurança ajuda no combate à infecção. Para os profissionais da área de saúde, recomendo também o uso de luvas, em função da grande exposição que estes trabalhadores terão com pessoas infectadas. Avalio que tanto luvas quanto máscaras devem ser trocadas periodicamente, no mínimo duas vezes ao dia.

A OMS recomenda ainda que todos os trabalhadores sejam informados das ações da empresa no combate ao Coronavírus e sobre o que cada um deve fazer. O fato é que, apesar de todo o clima de tensão e de atenção que um problema desta magnitude gera, note que o esforço exigido não é nada assim tão complicado ou que vá gerar grandes investimentos financeiros. São atos decisivos para a recuperação de prejuízos imediatos e para o restabelecimento da saúde do coração de qualquer empresa, seus funcionários.

Fonte: Revista Proteção

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